Edifício no Catete (manhã)
Judith acordou bem disposta, tomou um demorado banho, se arrumou e saiu. Bateu na porta do 301, Andréa atendeu sorridente.
Andréa- Oi vizinha, deu formiga na cama (brincou).
Judith- Acordei antes delas (sorriu).
Andréa- Chegou bem na hora, venha tomar café comigo.
Judith entrou no apartamento, delicioso cheirinho de pão no ar.
Andréa- Daqui a pouco vou para o trabalho, hoje a noite te apresento aos vizinhos do andar.
Judith- Também vou sair, vim aqui pra você me orientar em como chegar ao endereço dessa revista (mostrou a anotação).
Andréa- Isso é fácil, te dou uma carona. O que vai fazer?
Judith- Faz parte dos meus planos, preciso de um espaço lá.
Andréa- Menina, você é fogo hein; quando encontrar um bonitão rico por lá me apresente.
As duas riram, tomaram o café e saíram. Na portaria encontraram Regina, mulher alta, corpo definido, usando um terninho azul claro, Andréa fez as apresentações.
Dentro do carro, Andréa comentou:
Andréa- Um conselho Judith, se quiser ter amizade com Regina vá com calma.
Judith- Por quê?
Andréa- Moro aqui há quase um ano, ela sempre me pareceu muito educada, porém, nunca a vi muito próxima dos vizinhos.
Judith- Cada um com seu jeito.
Andréa- O que sei é que trabalha em uma empresa como Office girl, aquela roupa deve ser uniforme.
Judith- O que tanto te incomoda nela, fale logo?
Andréa- Um dia quando estava estacionando aqui no prédio, fui abordada por dois caras, eles iam me assaltar. Foi tudo tão de repente, tão rápido que fica difícil narrar. Regina apareceu, tomou o revólver de um enquanto acertava o outro com um pontapé jogando-o no chão desmaiado, botou os dois em nocaute quase sem esforço.
Judith- Nossa que fera, deve ter aprendido a lutar.
Andréa- É o que parece.
Num hotel cinco estrelas, três homens bem vestidos conversam no restaurante, dois brasileiros e um italiano.
Catôro (o italiano)- Precisam acelerar as coisas, viajo no fim do mês.
Fábio (brasileiro)- Temos três semanas para mais dois negócios, já temos nossos alvos.
Mota (Brasileiro)- Nosso trabalho é profissional.
Catôro - Talvez as suspeitas cheguem até vocês.
Mota- De jeito nenhum, se tem alguém que possa ser suspeito serão os próprios roubados (risos).
Fábio- É verdade Catôro, nossa empresa é uma grande e idônea corretora de seguros e valores, todos os bens são assegurados. É por isso que temos conhecimento das pequenas fortunas.
Catôro- Certo mas parece que tem uma quadrilha agindo como nós.
Fábio- Eu sei, não morderemos essa isca. Não nos interessa saber quem são, além do mais, seria impossível rastreá-los sem deixar pista.
Mota- Tem mercado pra todo mundo (tom irônico).
Alberto depois de delegar algumas ordens, fechou a porta e reclinou-se na cadeira pensativo:
Alberto- Pretendo mudar o nome da revista, quero um nome mais atraente, vou mudar pra MAIS VERDADE. Acredito que será bom abordar novos temas, assuntos polêmicos.....farei isso sem consultar João, ele age como se fosse o dono e não sócio. A próxima edição sairá com novo nome.
Pega o telefone, liga para o contador e passou as informações necessárias para legalização (desligou).
Alberto- Pronto tudo acertado, o novo nome saíra em cima e o antigo só dessa vez, em vermelho abaixo. Quero ver a cara de João, nem imagina porque aturei tanta arrogância.
Abriu a gaveta, pegou um analgésico pra enxaqueca.
Alberto - Droga, que tormento. Amo isso aqui, levei anos para conceituar a revista. Ficar com Samira não vale isso e, nem posso acreditar na história de João ser meu filho, ela é muito ardilosa, capaz de tudo para conseguir o que quer. Mesmo tendo que pagar multa, vou desfazer essa sociedade e terminar o caso com Samira. Se faz isso com marido e filho, imagine comigo.
Ligou para o advogado e tomou as providências.
por Silvia Baptista
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